EPILEPSIA E CRISE CONVULSIVA

O médico especialista em Epilepsia e crise convulsiva é o Neurologista

 

Afinal o que é Epilepsia?

A Epilepsia é uma doença, existe 3 critérios que definem a Epilepsia, basta um para se fazer o diagnóstico, são eles:

– Presença de 2 crises não provocadas em intervalo maior que 24horas.

– Uma crise não provocada + risco de 60% recorrência de uma segunda crise nos próximos 10 anos

– Presença de uma síndrome epiléptica.

Epilepsia e crise convulsiva são a mesma coisa?

Não. A Epilepsia como vimos é uma doença. Já a crise convulsiva  ou convulsão é um evento caracterizado por sinais e sintomas decorrentes de uma atividade elétrica anormal no cérebro.

Epilepsia

A crise convulsiva acontece em quem tem a Epilepsia, mas pode acontecer em quem não tem Epilepsia mas que apresente uma condição reversível que possa alterar o funcionamento cerebral.  

Como assim? Um exemplo clássico de crise convulsiva em uma pessoa que não tem Epilepsia é a hipoglicemia grave (comum em que tem Diabetes e faz uso de insulina de forma errada ou fica muito tempo em jejum). Neste caso dizemos que foi uma crise sintomática aguda ou crise provocada, ou seja, ao resolver a hipoglicemia a crise convulsiva não ocorrerá novamente.

Portanto, nem todo mundo que teve uma convulsão tem Epilepsia. Já na Epilepsia a pessoa apresenta crises convulsivas de forma repetidas sem que uma causa reversível seja identificada.

Por outro lado, outros problemas como desmaio ou ansiedade pode provocar eventos que se parecem com crise convulsiva, embora não sejam.

 

Condições que podem levar a crises convulsivas provocadas ou sintomáticas agudas:

– Hipoglicemia

– Alteração íons no sangue como potássio, cálcio, sódio ( podem acontecer em contexto de uso de alguns medicamentos e algumas doenças)

– Abstinência alcoólica

– Abstinência de benzodiazepínicos ( ex: clonazepam )

– Sangramento no cérebro ( AVC hemorrágico, trauma cranioencefálico)

– Infecção ativa no cérebro

– Tumor no cérebro

– Entre outras.

As causas de Epilepsia ( portanto, causas irreversíveis!)

1 – Estrutural ( sequelas de cirurgia intracraniana, sequelas de AVC a depender da localização no cérebro,  encefalopatia hipóxico-isquemica, malformação do cérebro, esclerose mesial temporal, etc. )

2 – Infeccão crônica (  Neurocistecercose, Toxoplasmose, HIV, infecções  congênitas por Zica, Citomegalovírus)

3 – Metabólica ( Porfiria, uremia, aminoacidopatias, etc)

4 – Genética

5 – Imune

6 – Desconhecida

Existe diferentes tipos de crise?

Sim!  A crise clássica da epilepsia é a crise tônico-clônico generalizada, esta crise é marcada por rigidez do membros seguido de abalos rítmicos e sustentados associado a perda de consciência, versão dos olhos, sialorréia ( salivação excessiva), ainda pode ocorrer da pessoa urinar e/ou defecar e morder a língua.

Porém há crises que são “leves”, como é o caso das crises focais e das crises não motoras ( esta última chamada antigamente de “crise de ausência”).

De forma simplificada, nesta crises a pessoa perde a consciência, “ sai fora do ar”, mas não evolui com movimentos francos de todo o corpo, as vezes apresenta uma parada comportamental, olhar fixo, podendo ou não evoluir com movimentos mais sutis como piscamento palpebral, movimentos orofaciais, movimentos anormais em apenas um membro, risos, choro, agitação, dificuldade na fala e outras diversas manifestações. Geralmente com duração muito breve, de segundos a poucos minutos.

O que fazer se alguém apresentar uma crise convulsiva perto de mim?

Em primeiro lugar manter a calma! A crise convulsiva pode ser um evento assustador para quem nunca presenciou principalmente se ela for do tipo tônico-clônico generalizada.

O que fazer durante a crise:

– Manter a calma e tentar acalmar as pessoas em volta

– Vire a pessoa que está convulsionado de lado para evitar que essa engasgue com a própria saliva ou vômito.

– Retire objetos próximos que a pessoa pode vir a bater e se machucar.

– Nunca coloque a mão ou tente colocar algum objeto na boca da pessoa.

– Se for a primeira crise convulsiva deve-se chamar o SAMU imediatamente, pois ter uma convulsão é sinal de que pode ter algo errado com o cérebro e é preciso ir para o ambiente hospitalar para realizar exames.  Se a pessoa já tem diagnóstico de Epilepsia e já está em tratamento também deve ser direcionado para o ambiente hospitalar se a crise durar mais que 5 minutos ou se não acordar após um convulsão.

Como proceder após a primeira crise convulsiva?

É preciso definir se foi apenas uma crise sintomática aguda ou é uma Epilepsia. Para isto é necessário realizar exames, a depender de cada caso, como exames de sangue, exames de imagem (Tomografia e/ou Ressonância do cérebro) e eletroencefalograma. O médico indicado para realizar esta investigação é o Neurologista.

Como é o tratamento das crises convulsivas e Epilepsia?

No caso da crise convulsiva, se for encontrado o que está causando a crise convulsiva o tratamento é direcionado para esta condição, como por exemplo repor a glicose no caso de hipoglicemia, tratar a infecção no cérebro, etc.

No caso do diagnóstico de Epilepsia o tratamento é feito por medicações de uso contínuo. Em alguns casos específicos quando a Epilepsia é de difícil controle e é causada por alguma lesão estrutural pode ser indicado cirurgia.

As medicações para o tratamento da Epilepsia, são as chamadas “medicações anticonvulsivantes”, mas o termo mais apropriado atualmente são “medicações anti-crise”, afinal vimos que nem toda crise é do tipo convulsão! Então o termo “medicações anti-crise” se torna mais adequado, concorda?

Atualmente existe várias medicações para o controle de crises, desde medicações mais antigas a medicações novas.

Grande parte das medicações estão disponíveis pelo SUS, algumas de fácil acesso e outras ( as mais novas ) também é possível conseguir pelo SUS se o paciente preencher alguns critérios, neste caso é necessário o preenchimento por um médico da LME ( Laudo para Solicitação do Componente Especializado).

 

Tenho Epilepsia, quais cuidados devo tomar? 

– Tomar as medicações nos horários certos e nas doses certas.

– Não deixar sua receita acabar, pois interromper a medicação de forma abrupta pode desencadear crises.

– Informar seu médico sobre efeitos colaterais das medicações, as vezes pode ser necessário trocar o medicamento. Cada pessoa se adapta melhor com um tipo de medicação.

– Evitar uso de álcool.

– Dormir bem.

– Com o uso regular das medicações, a grande maioria dos paciente conseguem alcançar um bom controle das crises. Porém se as crises não estiverem controlada é orientado não realizar atividades de risco como conduzir veículos, nadar, subir em altura e outras atividades que possam colocar sua segurança em perigo.

Posso engravidar tomando medicações para Epilepsia?

Algumas medicações para o tratamento da Epilepsia não são seguras durante a gravidez. Dessa forma procure um Neurologista pois pode ser necessário trocar de medicamento antes de engravidar.

 
————— Autoria: Dra. Renata Resende —————

Busque avaliação especializada para um diagnóstico e tratamento corretos.

 

Dra. Renata Marca

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